Como era gravar John Bonham em estúdio, do peso nos pés à afinação da bateria


John Bonham é um dos maiores bateristas da história do rock. O músico do Led Zeppelin não era chamado de 'The Beast' à toa: era como uma besta desenfreada na bateria. Influenciado por nomes do jazz e impulsionado por Carmine Appice, integrante do Vanilla Fudge, Bonzo era tão importante para o som do Zeppelin que a banda encerrou atividades após a morte dele, em 25 de setembro de 1980, aos 32 anos.

O produtor Eddie Kramer, que atuou com engenheiro de som em álbuns do Led Zeppelin como 'Led Zeppelin II' (1969), 'Houses of the Holy' (1973) e 'Physical Graffiti' (1975), revelou alguns detalhes curiosos a respeito do trabalho com John Bonham em estúdio em recente entrevista ao canal da Gibson no YouTube, com transcrição do Ultimate Guitar. A dinâmica da banda mudou um pouco entre esses discos, mas a genialidade de Bonzo era algo que permanecia da mesma forma.

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"As gravações em Nova York para 'Led Zeppelin II' foram um pouco diferentes. Fizemos em um pequeno estúdio chamado Juggy Sound, com uma sala estreita e longa. Bonzo estava no fim dela e tirava um som bastante forte, que funcionou para essas músicas", disse, inicialmente.



Em seguida, Kramer revelou que dava para gravar a bateria de Bonham mesmo com equipamento reduzido. "Se você coloca John Bonham na sala e só tem três microfones, três Shure SM58, dá para gravá-lo, pela forma como ele tocava a bateria e o jeito que ele afinava as peças. Essa combinação construía o som. A distância, o peso e a velocidade que o braço dele ia até a caixa... o contato era tão rápido e ele tinha muito impacto. E, claro, ele tinha os pés mais pesados do segmento. Ele era uma máquina. A força por trás do Led Zeppelin", afirmou.

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O engenheiro de som atuou novamente com o Led Zeppelin em 'Houses of the Holy', nas sessões de gravação no estúdio Stargroves, construído em uma mansão de Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, além do estúdio móvel também dos Stones. Parte desse material, inclusive, foi aproveitado em 'Physical Graffiti'.



"Foi a oportunidade de colocar Bonzo em uma sala totalmente sozinho, com uma construção grandiosa de madeira. Uma sala feita de forma bem antiga, com acústica incrível. Coloquei apenas um par de microfones estéreo, alem de microfones para caixa, tons e bumbo. Ele detonou. Tudo conta: a acústica do lugar, a forma como ele toca, o jeito que se coloca o microfone, a equalização, a compressão, tudo", disse.

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Apesar de contar com um equipamento luxuoso em mãos, Eddie Kramer reforçou que dava para gravar John Bonham de qualquer jeito. "Não importava se fosse o equipamento mais primitivo - ainda soaria como ele. Alterava apenas o nível de qualidade", afirmou.

A importância de Jimmy Page para John Bonham

O trabalho do guitarrista Jimmy Page, que também assumia a função de produtor no Led Zeppelin, era importante para extrair o melhor de John Bonham, segundo Eddie Kramer. "Page sentava com Bonzo para trabalhar nos padrões de ritmo. Se fossem completos, e às vezes eram, Page trabalhava com ele até que aprendesse. Lembro de Bonzo gritando e xingando, mas quando ele aprendia, era como se as peças se combinassem. A gente gravava rapidinho, era incrível", disse.

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Embora tenha em seu currículo trabalhos com Jimi Hendrix Experience, Derek and the Dominos, Kiss, John Mayall, Anthrax e Traffic, só para citar alguns, Eddie Kramer diz que o Led Zeppelin tinha o melhor baterista de rock com quem trabalhou. "Não me entenda mal, adoro Mitch Mitchell (Jimi Hendrix Experience) por seu jeito particular de tocar, a influência do jazz e a forma como ele segurava as baquetas, mas Bonzo era o mestre do rock and roll. Não consigo pensar em um baterista que consiga bater mais forte, com feeling desse tipo", declarou.

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